terça-feira, junho 29, 2004

Será que ninguém pensou nisso?

Estava assistindo ao programa Bem, Amigos do Galvão Bueno no Sportv ontem. O convidado da semana era Ricardo Teixeira, presidente da CBF. Eu peguei o programa no fim, mas no meio de um ou mais temas que eu venho pensando nos últimos tempos.
Um deles, calendário do futebol brasileiro. Demorou pra fazer um campeonato que dure de agosto a maio como na Europa e na Argentina.
Zapeei, na ESPN Brasil o Paulo César Vasconcelos estava falando que o Londrina está correndo o risco de cair para a Série C e que a Série C é o final de tudo. Convenhamos, como organizar uma quarta divisão envolvendo times do Brasil inteiro? Inviável. Tanto quanto campeonatos regionais para times de ponta. Os campeonatos regionais poderiam servir de classificação para a Série C do Campeonato Brasileiro.
Voltei pro Sportv. O Galvão estava falando que desde 1987, quando o formato da Copa América mudou e passou a se concentrar em um mês, com um país-sede, o campeonato passou a ser um acontecimento, a Copa do Mundo da América do Sul. Concordo, a Copa América não pode deixar de existir nesse formato.
Agora, também mudou a periodicidade da Copa América, de quatro em quatro anos. O próprio Galvão propôs que fosse em anos ímpares para fugir da Copa do Mundo e da Eurocopa. Não concordo, tem que ser junto com a Eurocopa sim, um depois do outro.
Daí nosso gênio Ricardo Teixeira sugeriu que a Copa América fosse classificatória para a Copa do Mundo. Sabiamente, Renato Maurício Prado disse que então a Eurocopa teria de ser também. Então, com 14 vagas na Copa do Mundo, somente os dois últimos colocados na Eurocopa não iriam para o Mundial. E outra, nenhum campeonato continental funciona como classificatório para a Copa.
Novamente alguém culpou o calendário pelas mazelas do futebol sul-americano. Para pensar: como a Europa consegue fazer, além da eliminatória da Copa do Mundo, eliminatórias para a Eurocopa?
Na verdade, atualmente não faria sentido eliminatórias para a Copa América, que sempre tem que convidar duas seleções para conseguir montar três grupos de quatro. A Conmebol não tem federações suficientes, são só dez. Na Uefa, 50 disputaram a classificação da Eurocopa e outras tantas nem participaram. Aí é que eu proponho a revolução.
A Conmebol deveria se unir a Concacaf, que representa 40 países. Mais as dez seleções da América do Sul, já faríamos frente, pelo menos em quantidade, a Uefa. Isso resolveria vários problemas.
As eliminatórias da Copa América aconteceriam ao mesmo tempo em que as eliminatórias da Eurocopa, inclusive com datas iguais. Das 50 seleções, 12 se classificariam. É preciso reconhecer que há mais qualidade técnica entre as seleções do velho continente. O mesmo aconteceria com as eliminatórias da Copa do Mundo.
Aliás, as vagas da América aumentariam. Hoje são quatro vagas da América do Sul e três da América do Norte, Central e Caribe, mais uma vaga de repescagem para cada um, totalizando de oito a dez vagas. A América, no geral, poderia ficar com nove vagas, sendo que a décima poderia ficar para a Ásia e Oceania, que também deveriam unir seus torneios classificatórios.
Assim, resolveríamos também o problema dos clubes. Teríamos uma verdadeira Libertadores da América que, aliás, também já tem times mexicanos disputando. Mais uma vez, a Europa pode servir de modelo, com a Champions League. Uma fase em jogos eliminatórios com times de menor expressão que lutariam para disputar a fase final, com apenas 16 participantes, com os times maiores, que se classificaram já nos campeonatos nacionais de seus países (apenas Argentina, Brasil e México teriam esse direito). Claro, o período de competição coincide com a Champions League também.
Eu fiquei aqui discutido o mundo perfeito. Dificilmente isso aconteceria. Fica a sugestão, espero que alguém leia e se sinta inspirado.

Nenhum comentário: